#CiênciaResponde: Todos os mosquitos com listras brancas são da dengue?

26/03/2024

Especialistas da UFU respondem dúvida enviada por seguidora

#CiênciaResponde: Todos os mosquitos com listras brancas são da dengue?

 

Por: Túlio Daniel | Leise Alves
 

Mosquito da dengue 
Pernas zebradas é a principal diferenciação do 
transmissor da dengue com o pernilongo doméstico (Foto: Pixabay)

 

O Brasil tem enfrentado o maior número de casos de dengue registrados na história, se aproximando da casa dos 2 milhões. De acordo com o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, já são 1.978.372 casos prováveis (denominação feita pelo próprio ministério), nos quais 662.952 são em Minas Gerais e 7.244 estão concentrados em Uberlândia, até a publicação desta reportagem.

Com o crescente número de casos, a preocupação vem junto, principalmente se você for picado por algum mosquito. Se isso acontecer, como saber se o inseto é o transmissor da dengue? Essa foi a dúvida de Maria Vittoria Cardoso, que entrou em contato pelas redes sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para saber: todos os mosquitos com listras brancas são da dengue? Nós fomos atrás de especialistas para responder.

Características do mosquito

A principal característica do Aedes aegypti, que transmite não somente a dengue, mas também a zika e a chikungunya, é a presença de listras brancas, o que o difere do pernilongo doméstico (Culex quinquefasciatus), que tem coloração marrom e sem as marcações. Porém, Kleber Del Claro, professor do Instituto de Biologia da UFU e especialista em Ecologia Comportamental, destaca que na natureza existem sim outros mosquitos com pernas zebradas, mas que, no geral, os encontrados na cidade são os transmissores da dengue.

O Aedes possui hábitos diurnos, se alimentando ao amanhecer e entardecer, enquanto o Culex possui hábitos mais noturnos, o que não impede que haja picadas ocasionalmente em horários diferentes.

 

Sintomas de cada doença

 

A dengue, zika e chikungunya apresentam sintomas semelhantes, o que faz com que a apresentação inicial do quadro possa ser indistinguível. No entanto, para evitar complicações, José Humberto Marins, médico infectologista do Hospital de Clínicas da UFU, ressalta a importância de comparecer às unidades básicas de atendimento para que seja feito o diagnóstico correto. 

“O que é o clássico de acontecer na dengue, zika e chikungunya, é a pessoa ter febre, mal estar no corpo, dor nas articulações, dor nas juntas, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, manchas na pele e náusea. Isso pode ser comum para as três no decorrer da evolução da doença”, alerta o infectologista. 

Além desses primeiros sintomas, outros vão surgindo e diferenciam essas doenças. A dor nas articulações somada ao inchaço das juntas, principalmente das mãos, joelhos e pés, chama atenção para chikungunya. A zika costuma apresentar febre e manchas no mesmo instante, além de sintomas de conjuntivite. O infectologista informa que, entre as três doenças, a dengue é a que mais tem risco de se complicar, porque os vasos sanguíneos começam a ser mais agredidos pelo vírus.

Marins acrescenta outros sinais de alerta, como sangramentos, dor intensa no abdômen e barriga, vômitos recorrentes, pressão baixa, tontura e falta de ar. “A urina pode diminuir também e a pessoa começa a ter confusão. Tudo isso alerta que está acontecendo essa agressão do vírus e a pessoa precisa procurar o hospital”, destaca Marins. 

Considerando que o Brasil possui condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento e proliferação do vetor, a fêmea do Aedes aegypti, é preciso que haja uma atuação conjunta. Para além das ações advindas das autoridades de saúde, a população deve se atentar ao acúmulo de água no interior dos domicílios. O Ministério da Saúde tem alertado sobre quais ações podem ser feitas para eliminar os criadouros:

Dicas de prevenção
(Imagem: Ministério da Saúde)

 

A vistoria do ambiente é importante porque o Aedes é um mosquito doméstico, ou seja, vive no interior ou próximo de casas e estabelecimentos. Por isso, a melhor forma de combate a essas doenças começa na eliminação dos focos.

Uma outra alternativa é o uso do fumacê pelas autoridades. As fórmulas desse inseticida não são as mesmas dos vendidos nos comércios populares e a quantidade exposta nas ruas não faz mal às pessoas, mas Del Claro destaca que ele não é específico para o transmissor da dengue, podendo matar outros insetos e plantas. Entretanto, como qualquer inseticida, se exposto em quantidades exacerbadas, pode sim prejudicar a saúde humana e de outros animais. 

Para mais informações sobre prevenção da dengue, acesse: www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue

 

 

 

Fonte: comunica.ufu.br
Postado por O UNIVERSITÁRIO.

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